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São Paulo

The Coffee Traveler by Ensei Neto

MERCADO

Literatura contemporânea sobre café 1

Thiago Sousa

A literatura sobre o café no Brasil sempre foi muito escassa, sendo objeto principalmente de estudos técnicos com foco em agronomia ou economia.

Raros são os livros dedicados para o consumidor, para as pessoas que simplesmente querem aprender algo mais sobre o mais antigo produto globalizado.

Alguns livros lançados recentemente no Brasil estão a mudar um pouco esta situação.

O livro Um Grão de História, em luxuosa edição, publicado pela editora Dialeto, é um perfeito exemplo.

Escrito por Sérgio Túlio Caldas e com fotos belíssimas de Vito D´Alessio, possui texto bilíngüe português-inglês, claramente acenando para uma provável trajetória internacional.

Dividido em 5 partes, aborda desde os primórdios da bebida, desde sua descoberta, sua disseminação pelo mundo até a chegada ao Brasil e, finalmente, alguns aspectos da produção atual do nosso néctar negro.

O grande mérito do livro é o impressionante trabalho de pesquisa histórica realizado, com resgate de fotos e documentos raríssimos, como este a seguir:

Nesta página estão registrados raros momentos captados em Java, na Indonésia, como a foto onde podem ser vistos os terreiros suspensos ou tabuleiros.

Outro aspecto muito interessante é a apresentação de diversas casas sede de tradicionais fazendas de café, principalmente do Rio de Janeiro, num interessante desfile daarquitetura dos campos de café.

Há um destaque para a Fazenda Boa Esperança, do Grupo Queiroz de Moraes, e que está situada em Bragança Paulista, SP, principalmente nas fotos dos processos de produção, uma vez que o livro teve o patrocínio daquela organização.

As páginas finais oferecem uma deslumbrante seqüência de fotos resumindo a trajetória do nosso grão predileto, desde sua florada até a uma xícara muito aromática. 

Brindando o Natal!

Thiago Sousa

O Natal está se aproximando e é sempre tempo de comemorações.

Tradicionalmente, champagnes e vinhos fazem parte desta celebração.

Para quem ainda não viu, este vídeo da Starbucks sugere que um grande café também pode servir para esses momentos, em qualquer lugar, com todas as pessoas…

Espressos sobre rodas

Thiago Sousa

O mercado de café está vivendo um momento magnífico.

O café é uma bebida em evidência, cada vez mais próximo ao chamado “state of art” tal é a sofisticação que vem ganhando.

Imagine, agora, juntar dois elementos que, assim como para os brasileiros, são verdadeiras paixões dos norte-americanos: café e carros.

Inusitado?

Então, veja:

Eu, seu Coffee Traveler, estou ao lado de um dos mais malucos lançamentos do ano: uma cafeteria sobre rodas !

Isso mesmo.

Talvez esta seja uma nova categoria de “tunning” para carros: instalar um serviço completo de cafeteria.

Esta idéia é de um “louco” por café e carros de Johnson County, Kansas, que viu uma grande oportunidade em  levar espressos literalmente sobre rodas. Um Mazda modelo Scion xB em um berrante alaranjado serve de base para este projeto.

Totalmente adaptado, há um sistema de reservatórios para água, um sistema de energia complementar para fazer funcionar moinhos, máquinas de espresso e de café de filtro, o chamado “brewed coffee”.

Observe, em detalhe, a parte traseira, onde fica o serviço de espresso e de brewed coffee.

Você pode saber mais através do endereço www.ethoscoffeecar.com .

Macchiato a la Blue Gardenia

Thiago Sousa

Blue Gardenia.

Belo nome para uma cafeteria, não?

No setor noroeste da cidade de Portland, OR, USA, que passa hoje por um impressionante processo de revitalização, diversas casas estão sendo abertas, com destaque para a profusão de novas coffee shops.

A Blue Gardenia além de micro-roasterie (micro-torrefação), torrando artesanalmente preciosos lotes de café numa Diedrich de 30 kg, é também uma bakery, oferecendo diversos tipos de pães e tortas, folhados e muffins, entre outros.

Diversos cafés estão relacionados numa lista, renovada frequentemente.

São os chamados Single Origin, que significa que tratam-se de cafés produzidos numa propriedade identificada.

Certamente, este é o diferencial mais forte do mercado de Cafés Especiais, onde há uma preocupação em apresentar ao consumidor a maior quantidade de informações sobre o café, as condições de produção e o produtor, juntamente com as características da bebida.

Geralmente, nas seleções encontram-se cafés da África, América Central, Sudeste Asiático e, ultimamente, excelentes cafés brasileiros.

Mas, o que me impressionou no Blue Gardenia foi o perfeito macchiato servido.

O macchiato é elaborado com leite vaporizado, mas diferentemente do lattè ou cappuccino a quantidade adicionada ao espresso é pequena, o suficiente para “manchar” o creme.

Uma das explicações correntes sobre a origem do nome macchiato é justamente a mancha que a alva cor do leite vaporizado provoca no amendoado creme do espresso.

Veja ao lado a impressionante consistência do leite vaporizado pelo barista do Blue Gardenia, cuja porção lembra um pico dos Alpes ou o majestoso Mont Hood, imponente montanha de mais de 4.000 m de altitude próximo a Portland. A xícara em delicado tom azul pastel permite uma elegante composição.

Uma xícara fumegante Hot Cup of Coffee

Thiago Sousa

É muito comum nas cidades do hemisfério norte, onde o frio é muito intenso durante o inverno, terem um complexo sistema de calefação subterrâneo. Daí ser comum se ver uma fumacinha saindo dos bueiros nos dias em que a temperatura está muito baixa.

Aproveitando esse fenômeno, o pessoal de marketing da gigante Folger´s criou uma interessante e genial peça publicitária que é um adesivo que foi aplicado em bueiros em New York, “a cidade que nunca dorme”.

Veja que efeito:

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Esta é uma tampa de bueiro que funciona como respiro do sistema de cafelação.

Veja em detalhe: “Hey, Cidade que Nunca Dorme. Acorde com Folger´s”.

Uma vista geral: muuuito criativo!

Cidades Polo de Café 2 – Patrocínio-MG

Thiago Sousa

A região do Cerrado Mineiro compreende 55 municípios do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e parte do Noroeste de Minas Gerais, num altiplano que é parte do Planalto Central do Brasil.

É uma das mais jovens regiões produtoras de café do Brasil, pois seu início, segundo registros do extinto IBC – Instituto Brasileiro do Café, se deu em 1972 na cidade de Patrocínio, hoje conhecida como cidade-pólo do Cerrado.

O que impulsionou produtores de café do Norte do Paraná, Alta Paulista e alguns do Sul de Minas foram três aspectos: área sem ocorrência de geadas, topografia plana e, principalmente, terras muito baratas.

As terras do cerrado brasileiro até a década de 70 eram consideradas de baixa fertilidade, sentimento reforçado pela típica vegetação com árvores retorcidas, de no máximo médio porte. Naquele momento, o governo brasileiro, sob a visão de conquista de território dos militares, estabeleceu um grande plano estratégico para o desenvolvimento dos cerrados em parceria com o governo japonês.

Em plena crise do petróleo e com ecos da Guerra Fria, o Japão, país-arquipélago altamente dependente de importações de alimentos, através de seu governo decidiu investir no Brasil especificamente nos cerrados porque entenderam que este poderia ser um grande fornecedor de alimentos. O conceito básico para que essas novas áreas fossem desenvolvidos consistia em estabelecer assentamentos dirigidos com agricultores tecnificados e, ao mesmo tempo, dispostos a assumirem posição de desbravadores.

Isso explica porque, nessa fase inicial, os diversos assentamentos eram coordenados por cooperativas que tinham origem na colônia japonesa do Brasil, como as extintas Cooperativas Agrícolas de Cotia e Sul-Brasil.

Os empreendedores em geral se norteiam pelo seu instinto e para muitos este funcionou muito bem quando se decidiram em iniciar a cafeicultura na nova região.

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Com o tempo, perceberam que havia um trunfo escondido no Cerrado: seu clima particularmente bem definido ao longo do ano.

Se observarmos de onde se originou a grande parte dos cafeicultores, em média o Norte do Paraná, a Alta Paulista e o Sul de Minas estão relativamente alinhados se considerada a latitude de Londrina, PR,  Garça e Marília, SP, e Varginha, MG, com algo em torno de 22°Sul. Patrocínio, cuja foto ao lado mostra sua entrada principal, está a 18°Sul, portanto, gerando uma diferença brutal em termos de quantidade de luz durante o ano.

Tempo chuvoso e quente de outubro a março, e ameno e seco de maio a setembro, que coincide com o período de colheita, desencadeou a percepção de que algo era diferente. Já no início dos anos 90,  qualidade do café despertou os compradores, no exato momento em que a indústria italiana illycaffè iniciou o seu hoje tradicional Concurso de Qualidade de Espresso. Nas primeiras edições deste concurso, praticamente todos os 10 finalistas eram do Cerrado Mineiro.

Ao mesmo tempo, os produtores começaram a se organizar em associações, vindo a constituir suas cooperativas posteriormente. Esta é uma das fortes características organizacionais da região: uma rede de cooperativas independentes em diversas cidades trabalhando em conjunto.

A maior cooperativa fica em Patrocínio, cuja praça movimento aproximadamente 60% do café do Cerrado Mineiro, primeira região demarcada de café do Brasil, que produz no total algo como 4 milhões de sacas de café por ano.

Outro mérito é todo um trabalho estruturado de marketing, com marcas, selos e um programa de certificação de origem regional, que segue a tendência do mercado.

Hoje, o Café do Cerrado possui imagem ligada à qualidade como origem brasileira nos diversos destinos dos Cafés do Brasil.

Praticamente todas as importantes casas de comércio exterior possuem filial em Patrocínio, que conta com uma complexa estrutura especializada em café, como diversos armazéns, corretores e casas de insumos em geral.

Fresh Pot: Coffee Shop & Cool Atmosphere

Thiago Sousa

Na região nordeste de Portland passa hoje por um processo de revitalização urbana muito grande, fazendo com que novos pontos de serviços surjam para deleite dos “loucos” por café.

Uma das coffee shops mais interessantes que visitei recentemente foi a FRESH POT.

Montada num prédio antigo, preservou sua identidade arquitetônica e adicionou elementos que a tornam muito interessante.

Sua fachada é toda envidraçada e na entrada muitos posters e avisos são colados, criando um mosaico de cores vibrantes.

Diversos equipamentos antigos ficam expostos e também acabam servindo de apoio para os apetrechos como açúcar, mexedores e etcetera e tal.

As mesas e cadeiras, bem como os ventiladores de teto, criam perfeito clima anos 50 revisitado.

O equipamento que mais chamou a atenção é esta balança com um design maravilhoso.

Observe que a escala com o peso fica num mostrador horizontal na cabeça tubular.

Bela arquitetura, não?

O acabamento em cobre confere muito charme, bem como a mesa em vidro.

Apesar de que no Fresh Pot funciona como um aparador dos apetrechos de café…

O café servido no Fresh Pot é fornecido pela Stumptown.

Aqui vemos Joel Pollock pedindo espresso para nós dois.

Veja o belo balcão e a estante ao fundo, formando uma bela composição.

espresso que nos foi servido tinha como base um Harrar, origem da Ethiopia que tem como característica o sabor de frutas vermelhas, e algo como Sumatra, com seu característico sabor de mofo e terra, porém com um elegante equilíbrio obtido através da correta acidez cítrica.

Havíamos provado o mesmo blend em outra casa, que comentarei em próximo post, porém com resultado muito diferente do Fresh Pot.

Confira, abaixo, a cor amendoada escura do creme, formando belo contraste com a xícara com coloração retrô.

A Bebida Rio e sua origem

Thiago Sousa

O cafe pode ser classificado em função de sua bebida, sendo que no caso da COB – Classificação Oficial Brasileira, ha uma referencia que eh a chamada “Bebida Dura”

Esta bebida tem como característica o fato de, em tese, apresentar “Bebida Limpa”, ou seja, sem os chamados “Defeitos Capitais” que são os decorrentes dos grãos Pretos (que sofreram fermentação fenolica e conferem sabor, digamos, amargosamente “medicinal”), os Verdes (que transferem grande adstringência aa xícara) e os Ardidos (que sofreram a fermentação acética, deixando o sabor do vinagre no cafe). Eh o famoso “Trio PVA” !

Abaixo dessa referencia, o cafe pode ter sua bebida classificada como “Riada”, “Rio” e “Riozona”, principalmente quando os compostos fenolicos estao mais presentes. O cheiro desses compostos fenolicos lembram o “creosol”.

O Companheiro de Viagem Almir da Silva Filho, da industria Cafe Toko, baseado em Juiz de Fora, nos contou a interessante origem do cafe com a “Bebida Rio”, que passo a seguir.

Nesta foto, Almir, muito conhecido como Mizinho ou, mineiramente, Mizim, estah ao centro, com o grande amigo Mane Alves, aa direita, e eu, seu Coffeetraveler, aa esquerda.

Por volta do ano de 1760, numa visita ao Governador do Maranhão, o Governador do Rio de Janeiro recebeu como presente mudas de cafe, que foram entregues a Frades Capuchinhos ao retornar ao Rio. Estes frades multiplicaram as mudas e distribuíram entre os fazendeiros da região do Vale do Rio Paranaíba, dentro da Província do Rio de Janeiro. Estes fazendeiros fizeram aflorar uma cafeicultura que se estendeu de Resende, Vassouras e Valenca ateh Juiz de Fora.

Em 1792, a Sesmaria de Vassouras, atraves de Francisco Rodrigues Alves e Luiz Homem Azevedo, tornou-se a Primeira Capital do Cafe, em pleno Seculo XIX !

Foi o incio do periodo do “Baronato do Cafe”, quando os fazendeiros, enriquecidos pelo fabuloso grao de cafe, adquiriam titulos de nobreza concedidos pela Familia Real instalada no Brasil.

Sobre este assunto hah um interessante video produzido pleo Marcos Sa Correa entitulado “O Vale”, que aborda o opulencia e decadencia dessa regiao que teve o cafe como locomotiva de seu progresso.

Nessa epoca, a colheita do cafe seguia este ritual: inicialmente o chao era limpo com enxada, quando eram retiradas as ervas daninhas e a terra ficava exposta. Esse processo, ainda empregado em algumas regioes brasileiras, recebe o nome de arruacao.

Esperava-se o grao de cafe maduro ou passa cair para, entao, ser “levantado”. Como essas regioes fluminenses sao montanhosas, a umidade do ar era muito alta, de forma que o chao molhado fazia com que reacoes de fermentacao indesejaveis se iniciassem nos graos de cafe, principalmente os de natureza bacteriana.

Depois de levantados, os graos seguiam em sacos nos lombos dos burros ate as sedes das fazendas, que normalmente se localizavam na area mais proxima aas nascentes de agua e, portanto, mais baixas, onde era maior a umidade do ar.

Os cafes que chegavam da lavoura eram, entao, amontoados com o objetivo de “queimar o mel do cafe” como forma de acelerar o processo de secagem.

Os graos “cerejas”, como sao denominados os maduros, tem grande quantidade de acucar em sua mucilagem e quando amontoados inicia-se o processo de fermentacao alcoolica e, em seguida, a acetica devido aa ausencia de oxigenio.

Os graos em estado “passa”, parcialmente desidratados, nessa amontoa, sao induzidos aa fermentacao bacteriana, produzindo os compostos fenolicos. Lembre-se do sabor do “fel” para ligar com o que corresponde aa bebida fenolica…

Depois de dias, observa-se um corrimento escuro desse monte de cafe, alem de uma “fumaca”, que nada mais eh do que o vapor de agua, jah que essas reacoes de fermentacao liberam calor.

Nesse momento, o cafe era “aberto”, ou seja, esparramado no terreiro para finalizar a secagem.

O cafe do Vale do Paranaiba era levado para o Porto do Rio de Janeiro por facilidade e menor distancia. Desde aquela epoca, os cafes produzidos em Sao Paulo seguiam para o Porto de Santos, enquanto que os do Parana, para o Porto de Paranagua.

Esse sabor “diferente”, acre, amargo e intenso, que se destacava do cafe produzidos, por exemplo, nas outras duas regioes, e acabou recebendo o nome do porto de escoamento: Rio.

Com o esgotamento das terras do Vale do Paranaiba, a cultura migrou para o norte, em busca de solos ainda ferteis.

Assim, no final do Seculo XIX, a cafeicultura se instalou a partir de Juiz de Fora ate o municipio de Caratinga, regiao que ficou conhecida como Zona da Mata.

As praticas para a colheita e secagem do cafe seguiam a mesma receita do cafe produzido no Vale do Paranaiba, porem como esta nova regiao, que tem a Serra do Caparao como fundo, eh muito serrana e um clima muito mais umido devido aa presenca da Mata Atlantica, o sabor “diferente” do cafe produzido no Vale se reproduziu com maior intensidade. A partir dessa constatacao, a bebida corrente do cafe produzido na Zona da Mata recebeu o nome de Riozona.

Com o tempo, os produtores da regiao da Zona da Mata descobriram o potencial de alta qualidade que possuem e, por isso mesmo, fizeram um movimento para que a regiao fosse reconhecida como Matas de Minas, nome que arremete aa bebida especial que a regiao pode oferecer.

Ainda assim, muito desse cafe com sabor Rio e Riozona faz parte de blends de muitas industrias brasileiras, ate pelo habito arraigado de se tomar “cafe de garrafa termica” ou o cafezinho dos bares e padarias servido no indefectivel copo de vidro.

Specialty Coffee Market & Doug Zell

Thiago Sousa

Os cafés especiais mudaram o mercado de cafe.

Simplesmente…

Novos conceitos, paradigmas quebrados e, principalmente, muita contra-cultura.

Obviamente, o mercado comum continua, o chamado mercado comoditizado, dominado pelas grandes casas de comercio internacional. Mas que, definitivamente, novos ares ventilam no mercado de cafe, isso eh inegável.

Dentre as pessoas que fazem parte desse incrível universo que esta se expandindo vertiginosamente gostaria de comentar sobre o Douglas Zell, de Chicago.

Doug Zell, como eh mais conhecido, iniciou sua carreira como barista e hoje eh o dono de uma das mais importantes empresas de cafeh torrado desse segmento, o Intelligentsia Coffee & Tea.

Muito ativo, criativo e incansável na busca de novas origens, ele acredita que o futuro jah chegou no mercado dos Cafés Especiais.

Veja a seguir um rápido depoimento sobre o como Doug enxerga o mercado de Cafés Especiais:

Cidades Polo de Café 1 Manhuaçu-MG

Thiago Sousa

O café é plantado no Brasil numa ampla faixa de latitude, que sai dos 13° Sul, no Oeste da Bahia, até o Trópico de Capricórnio, em São Paulo e Paraná.

Importantes e tradicionais origens produtoras estão nessa faixa, sendo que cada qual tem uma cidade-polo, isto é, uma cidade que acaba concentrando o comércio de café de uma dada região.

As lavouras de café, como plantas perenes e (não se esqueçam!) frutíferas, recebem tratamentos praticamente durante todo o ano como adubações, aplicações de defensivos contra pragas e doenças, entre outros.

Para que todas essas operações aconteçam em tempo certo, a cafeicultura, digamos assim, acaba criando uma ampla teia de serviços e venda de produtos em cada região. Por exemplo, casas especializadas em venda de adubos e defensivos podem ser vistas nas principais cidades, bem como outras que vendem máquinas e equipamentos.

E como não poderia deixar de acontecer, se existe a venda de máquinas e equipamentos novos, oficinas para consertos e reparos de usados acabam surgindo também.

É por isso que uma cultura perene como o café acaba criando muita riqueza nas regiões onde se instala, pois diversas oportunidades de negócios são criadas.

Mecânicos especializados, técnicos em manutenção de diversas máquinas e serviços agronômicos também fazem parte desse movimentado universo.

Já na ponta do comércio de café, que como país produtor, o Brasil possui diversas cidades onde núcleos comerciais estão instalados.

O comércio de café cru, também chamado de “café verde” (green coffee em inglês), envolve uma série de empresas e serviços como armazéns, empresas que fazem a seleção e preparo do café para exportação, e as exportadoras propriamente ditas.

Nas chamadas cidades-polo de café normalmente são encontradas as principais casas exportadoras de café, muitas das quais são poderosas empresas globais que mantém escritórios e representações em todo o mundo.

Veja na foto a seguir uma vista de escritórios de exportadores em Manhuaçu, na região das Matas de Minas, em Minas Gerais:

Essas empresas são responsáveis pelo escoamento do café verde brasileiro para os principais países consumidores na Europa, América do Norte e Ásia.

Normalmente mantém uma equipe técnica que faz a avaliação dos lotes que estão sob compra, além do pessoal especializado em logística e comercialização. Estes são os responsáveis para que os pedidos de seus clientes sejam atendidos corretamente, seja quanto ao tipo e padronização do café, seja na quantidade, que é expressasacas de café de 60 kg.

Uma das maiores empresas globais no comércio de café é a EISA, que faz parte do Grupo ECOM, presente em praticamente todos os países produtores de café.

Como não poderia deixar de ser, mantém escritórios nas principais cidades-polo de café do Brasil, como em Manhuaçu.

Aqui o gerente geral é o Carlos Alberto Barbeto, o Beto, que é um genuíno português de Angola!

Muito simpático e prestativo, Beto é figura muito conhecida nessa praça e nesta foto está ao lado do Sérgio D´Alessandro, que é produtor em Manhumirim e diretor da SCAMG -Specialty Coffee Association of Minas Gerais.

Ao lado de ambos está um belo trabalho da esposa do Beto, Noemi, que é artista plástica e, aproveitando todo o ambiente cafeeiro de Manhuaçu, cria obras de arte com materiais típicos da cafeicultura como grãos de café e sacaria de café, entre outros.

Para se ter uma idéia, por Manhuaçu passam anualmente algo como 3,5 a 4 milhões de sacas de café, concentrando boa parte da produção de café das Matas de Minas, que acabam seguindo para muitos destinos dos Cafés do Brasil no exterior.

Mr. Don Jensen Duck´s

Thiago Sousa

Uma das figuras mais carismáticas da Specialty Coffee Industry do Estado do Oregon, USA, é sem dúvida Mr. Donald Jensen ou, simplesmente, como ele gosta, Mr. Don.

Com uma história riquíssima, com passagens inclusive como militar condecorado, amante de pescarias de trutas e salmão das cristalinas águas do Columbia River, ao estilo flying fishing, antes de tudo duas paixões movem Mr.Don Jensen: o café e o seu time do coração, o Duck´s.

No café, sua história remonta aproximadamente 30 anos, tendo como referência diversas marcas criadas e que fazem parte da história do café na região. O que levou Mr. Don ao café foi justamente sua paixão pela gastronomia e bebidas.

Com um paladar apurado e refinado, introduziu diferentes linhas de produtos de sua principal indústria, a Bridgetown Coffee Co., que de uma simples torrefação de café, hoje distribui e faz a manutenção de diversos tipos de máquinas de café, como as tradicionais para o serviço Brewed Coffee, que é o tradicional American Coffee ou simplesmente Coffee, e as para o serviço de espresso, além de um completo serviço de suporte na área de catering.

O nome escolhido, Bridgetown, cuja tradução é “Cidade das Pontes”, é uma homenagem à cidade de Portland, que recebe este nome devido às suas 9 belíssimas pontes que interligam a cidade.

Também, diversas marcas e base de franquias de cafeterias foram desenvolvidas, das quais uma que é das minhas favoritas é esta, “Aroma Coffee”, na foto ao lado.

Dentre as linhas de produtos que sua empresa oferece, uma das mais interessantes é a de temperos orientais, principalmente aqueles contendo cravo, canela e aniz, por exemplo.

A área onde esses temperos são preparados é, como ele diz, sua “Sala de Inspiração”…

O café é o seu carro-chefe e o espresso, sem dúvida, um de seus focos principais. Mr.Don Jensen  sempre procura por cafés brasileiros porque ele adora os tons achocolatados e toques de caramelo típicos, base para seus interessantíssimosblends com  origens africanas e do sudeste asiático.

E na cafeteria Bridgetown, espressos muito bem extraídos são servidos num ambiente agradável, ao som de muito rock dos anos 60 e blues.

A carta de serviços é extensa, mas recomedáveis são os lattès e o “Café do Dia”, sempre sob a inspiração do divertido Mr. Don.

É como um “menu confiance” no café!

Uma boa surpresa nos é reservada todos os dias…

Embalagem comunicação Wrapping The Beans

Thiago Sousa

A embalagem, segundo os especialistas em Marketing, tem papel muito importante na fase de comercialização de qualquer produto.

Dentre as funções que a embalagem pode desempenhar, certamente estas são as mais importantes: proteger e manter a integridade do produto, ser uma fonte de informações sobre o produto, transmitir Valor do Produto ou Marca, chamar a atenção do consumidor e auxiliar na persuasão.

Ufa! É um monte de coisa, não?

Com o café, obviamente, não é diferente. Mas, aqui abordarei sobre a comercialização do café cru, também chamado de ”café verde” (green coffee).

O material mais empregado para embalar o café é o saco feito em juta. O Brasil utiliza um tamanho para acomodar 60 kg líquidos, porém cada país pode adotar diferentes medidas, como 69 kg ou 70 kg, como ocorre em algumas origens da América Central, a até 45 kg (ou 100 libras-peso), com o café de Kona, Hawaii, USA. 

Surpresa?

Sim, os Estados Unidos da América também produz café… apesar de não ser em seu território continental!

Veja, agora, alguns exemplos de sacos de café de diferentes origens:

Esta é a sacaria da Carmen Estate, de El Salvador.

Observe informações como o número de lote que estão estampadas abaixo da logomarca.

Da India vem esta sacaria em tamanho especial. Por se tratar de um café de alto valor agregado, há o requinte de colocá-lo em sacos menores, de 10 kg, para facilitar o manuseio nas pequenas torrefações de cafés especiais.

E, finalmente, uma saca de café da Serra da Mantiqueira, com a logomarca da APROCAM, que é a associação que é responsável pela organização dessa micro-região que hoje é reconhecida como uma das mais importantes do Brasil quando se comenta sobre qualidade. Estas sacas fazem parte do lote que foi arrematado pelo preço recorde de US$ 49.75 por libra-peso, que corresponde a incríveisUS$6,580 por 60 kg !

O Companheiro de Viagem, Francisco Isidro Pereira, produtor desse fantástico café, posa orgulhoso ao lado do lote.

The packing, according to the Marketing experts, has very important function in the commercialization phase of any product. 
 
Among the functions that the packing can carry out, certainly these are the most important: to protect and to maintain the integrity of the product, to be a source of information on the product, to transmit Value of the Product and to attract the consumer’s attention. 
 
Wow! It is a lot of things! 
 
In the coffee market, obviously, this is not different. But, here I will comment just about the green coffee case. 
 
The most employed material to wrap the coffee is the bag done in jute. In Brazil the producers use bags of 60 kg net, however each country adopts different ones, as 69 or 70 kg net, as it happens in some origins in Central America, or 45 kg net (or 100 pound-weight), case of Kona Coffee from Hawaii, USA.  
 
Surprised? 
 
Yes, the United States of America also produce coffee… in spite of not being in its continental territory! 
 
Now, some examples of bags from different origins: 
 
The fist picture shows a bag of Carmen Estate, from El Salvador. 
 
Look the informations as the lot number printed below the logo. 
 
From India a bag in special size. This coffee, Bibi Plantation, has very high price and as a refinement the beans are in small bags of 10 kg net to facilitate the handling in the roasting plants of specialty coffees. 
 
And, finally, a bag from Mantiqueira Range with the APROCAM’s logo.

APROCAM is the association that coordinates the coffee producers whose micro-region is recognized as one of the most important Brazilian Origins. These bags are part of the lot that got the record price of US$ 49.75 per pound or incredible US$6,580 for 60 kg net in 2006! 
 
My Companion of Trip, Francisco Isidro Pereira who produced this fantastic coffee, poses proud beside the lot.

Um novo estilo de café de coador

Thiago Sousa

O preparo de café pelo sistema de coador, que no Brasil recebe o nome de “cafezinho” e em outros países, simplesmente “coffee”, é, sem dúvida, o mais tradicional existente no mercado.

Do coador de algodão, que ainda é possível vê-lo em uso no interior ou em alguns tradicionais “botecos” servindo o cafezinho nos indefectíveis copos de vidro de fundo grosso e mesmo nas repartições públicas, ao coador de papel, que é hoje o sistema mais difundido nas residências, o processo possui basicamente o mesmo conceito: extrair com água quente as substâncias aromáticas responsáveis pelas delicadas notas de aroma e sabor que um delicioso café pode apresentar.

Na realidade, há uma grande diferença se você preparar o café dissolvendo o pó de café na água fervente ou passar a água no pó que está no coador.

Já comentei anteriormente que ao se preparar o café, você também está fazendo a extração da… cafeína! Isso ocorre porque a cafeína, quando o processo empregado é com água, tem sua extração mais eficiente se ficar em contato com a água por mais tempo. Quanto maior o tempo de contato, maior a eficiência na extração, ou seja, mais cafeína é extraída do pó.

No modo  tradicional do Brasil de preparar o cafezinho, o pó é dissolvido na água fervente para, então ser despejado num filtro de papel sobreposto a um jarro. Normalmente, as torrefações brasileiras empregam uma moagem bastante fina para que a extração dos componentes do café, principalmente da cafeína, seja o maior possível.

É um princípio básico da química: quanto maior a área de contato, mais eficiente é a extração.

Por isso, no final, o sabor do cafezinho feito dessa forma tem o amargor tipo jiló, que é o típico da cafeína, muito presente.

Quando você coloca o pó num coador de papel, por exemplo, e verte em seguida a água, você consegue eliminar boa parte desse amargor ao não fazer passar totalmente a água pelo filtro com o pó.

Ou seja, se você deixar um pouco do pó com água no filtro e bebê-lo separado do café inicialmente extraído, será possível perceber quão mais amargo é o café extraído em sua fase final!

Portanto, o outro café, será muito mais agradável de se beber.

Recentemente foi lançado um tipo de conjunto coador-jarro que é uma variante elegante do conjunto introduzido pela indústria alemã Melitta, cujo nome comercial é CHEMEX (pronuncia-se “que-meqs”).

O jarro, feito em vidro refratária, é muito elegante, cujas formas lembram o clássico recipiente de nome erlenmeyer, que é muito empregado nos laboratórios químicos. Uma pequena peça em madeira, que é aplicada no gargalo do jarro, com acabamento feito com uma tira de couro, dá o toque final.

O filtro nada mais é do que um papel filtro em formato quadrado, que o consumidor terá de dobrar com toda a maestria para conseguir formar o devido funil.

O efeito estético final é muito bom, conferindo muita elegância ao serviço.

É uma peça que recomendo!

Divertidos: mais charges

Thiago Sousa

Estas duas charges que apresento a seguir estão no website www.cofei.com, também dirigido aos “loucos” por café e que vale uma visita.

A primeira faz uma divertida alusão à cafeína e a segunda ao tratamento que os degustadores “loucos” por café dão aos seus instrumentos de trabalho…

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Antes e Depois (da cafeína) 

“- Colher.

- Colher.”

O bom efeito de um grande concurso

Thiago Sousa

O café foi a cultura que mais promoveu o desenvolvimento em nosso país, dada sua característica de envolver mão de obra intensiva e necessitar de boa infra-estrutura para o escoamento da produção.

O Estado de São Paulo é um exemplo típico, pois a malha ferroviária, que perdeu lugar para o foco rodoviário que o Governo JK imprimiu na década de 1950, integrou e abriu as portas para as riquezas que o café pode proporcionar em quase todas as suas regiões. Os nomes como Mogiana, Alta Paulista, Noreste e Sorocabana representavam não apenas essas origens produtoras de café, mas, também, das importantes linhas ferroviárias.

A Alta Sorocabana, cujos municípios fazem divisa com o Estado do Paraná, foi responsável por grande produção de café genuinamente paulista, mas que no último quarto do Século XX, devido às grandes geadas que ocorreram nos anos 70 e 90, conheceu o seu declínio.

Piraju é a cidade de referência, hoje, para essa importante região, que ainda possui aproximadamente 25.000 hectares de café em produção distribuidas em municípios de nomes tipicamente indígenas como Tejupá, Sarutaiá e Timburi. Com a grande represa de Jurumirim nas proximidades, há também uma vocação para o turismo na região.

Piraju, que em tupi-guarani significa “Peixe Amarelo” ou o famoso dourado, teve sua fundação por volta de 1850, e já em pleno Século XX passou a fazer parte da linha férrea da Alta Sorocabana.

Sendo o dourado o símbolo da cidade, pois ele é um peixe muito comum nos grandes rios da região, seu formato está presente nas placas de rua da área central de Piraju, como pode ser visto nesta foto.

As lavouras de café ficam distribuidas nas áreas mais elevadas, com altitude entre 800 m e 1100 m. É importante observar que esta origem de café está muito próxima ao Trópico de Capricórnio, portanto a mais de 23° de Latitude Sul.

No final dos anos 90, alguns produtores fundaram a PROCED, que é a associação que abrigou aqueles que estavam se iniciando no processo de CD – Cereja Descascada (PROCED – Associação dos Produtores de Cereja Descascada de Piraju e Região). Devido ao fato da topografia de montanha, a umidade durante o período de colheita é muito alta, justificando a escolha do processo de pós-colheita adotada pelos cafeicultores.

A descoberta de que cafés de alta qualidade podiam ser produzidos ali, estimulou a outros produtores a adotarem o processo de descascamento e logo interessantes resultados vieram.

Talvez o mais notável foi a conquista da primeira colocação no Concurso de Qualidade para Espresso promovido pela empresa italiana illycaffè,  responsável pela introdução do conceito de Café de Relacionamento entre os produtores brasileiros.

Em 2001, Waldomiro Nicolau Ferreira teve seu lote de café como o melhor do concurso, fazendo juz ao belíssimo troféu que é uma xícara illy dourada com um cofre articulado de madeira.

Nesta foto, Antônio “Toninho” Ferreira, irmão de Waldomiro, nos mostra, orgulhosamente, o troféu de campeão de 2001.

Donos de supermercado, resolveram dar impulso a um outro sonho: criar um espaço para o café na pequena Piraju.

Numa loja moderna, Waldomiro e Toninho montaram uma elegante cafeteria, com um bom serviço de espresso com grãos de produção própria.

Um círculo virtuoso foi criado a partir do estímulo de um concurso de qualidade que deu início aos inúmeros hoje existentes no Brasil: ao ter sua produção reconhecida pela qualidade, o cafeicultor passa a oferecer um excelente café para os novos consumidores do interior de São Paulo.

Novos consumidores, iniciados com um café e serviço de alto nível, estimulam a produção de excelentes grãos!

Na foto abaixo, da esquerda para a direita, em frente à cafeteria Max Café, Antônio Ferreira, eu, seu Coffee Traveler, Selma Vieira e o agrônomo Emílio Hara:

Inovações Portuguesas

Thiago Sousa

Do sul de Portugal, compilei duas notas no mínimo inusitadas.

Foi lançado neste final de semana, durante a Feira Nacional de Olivicultura, realizada em Campo Maior, Alentejo, região sul de Portugal, uma “conserva de azeitonas com café”.

É isso mesmo: conserva de azeitonas condimentada com café!

Este produto foi desenvolvido pela empresa Azeitonas & Azeite Gralha, de Campo Maior.

Segundo o responsável técnico da empresa, Sr. Mário Bernardo, em sua linha de produtos já existiam conservas de azeitonas com diversos tipos de condimentos, porém, pelo fato da região ter duas importantes empresas de torrefação de café, além da fama dos campos de oliveiras, resolveu-se desenvolver um condimento com adição de café.

O produto deverá estar disponível no mercado até o final deste mês de setembro e, segundo o Sr. Bernardo, além de um paladar diferenciado, sua formulação envolve procedimentos guardados a sete chaves!

Creio que vale experimentar.

Ainda da região meridional de Portugal, agora na pequena cidade de Amora, em Setúbal, completou o primeiro aniversário de funcionamento o Café Cristão da Amora, sob as bençãos da Diocese local.

Com decoração com motivos que lembram a Eucaristia e o Espírito, cada mesa tem como kit básico uma bíblia e um livro de cânticos. Com uma área total de 400 m², este café temático tem na programação de seus finais de semana apresentações de animados musicais litúrgicos e declamação de textos bíblicos.

Amora, que fica a aproximadamente 30 minutos de Lisboa de carro, é uma pequena cidade com 50.000 habitantes, tendo sua fundação ocorrida em 1384.

Segundo Antônio Manuel Andrade, a proposta é a de manter um local de ambiente saudável e cristão para que os jovens da cidade e região possam desfrutar ao final do dia ou em fins de semana.

O cardápio possui os clássicos serviços de café, com a tradicional bica como carro-chefe.

Lattè Art Contrastes

Thiago Sousa

O Lattè Art é, sem dúvida, um dos mais estimulantes modos de incentivar o consumo de café, pois literalmente seduz o consumidor pelos olhos. Com um excelente blend, uma extração caprichada e um leite perfeitamente vaporizado, a combinação fica irresistível.

A técnica clássica, quando o leite vaporizado é sobreposto ao espresso,  utiliza o creme formado pelos óleos do café como fundo para às alvas figuras desenhadas. Neste caso, é fundamental que o creme seja consistente, com boa estrutura, para acomodar as partículas de gordura do leite, que têm tamanho um pouco maior.

Por isso, é que a destreza do barista ao movimentar a leiteira é decisiva para a criação de belos efeitos visuais.

Nesta foto, a clássica Rosetta, criada e executada por David Schomer, de Seattle, WA, USA, e que é considerada o ícone do Lattè Art.

Uma outra técnica é a que emprega o palito.

Aqui, o fundo é o leite vaporizado, já despejado sobre o espresso. Ou seja, é como se o trabalho fosse em “negativo” em relação à técnica clássica.

Da mesma forma, blends que proporcionem consistente cremes são fundamentais, pois eles servirão de “tinta” para os desenhos.

Também, o leite vaporizado obrigatoriamente tem de apresentar uma boa textura, com os glóbulos de gordura muito bem distribuidos, pois funcionarão como tela.

Na foto ao lado, o “urso” foi executado pelo Yuji Kadowaki, que foi Bi-Campeão do JBC – Japan Barista Championship e Vice-Campeão no WBC – World Barista Championship, em 2005.

E neste pequeno vídeo, veja as duas técnicas em execução em cenas exclusivas com Yuji Kadowaki, em dois momentos, e David Schomer elaborando sua famosa Rosetta nas antigas instalações doEspresso Vivace, em Seattle, WA, meses antes de sua demolição:

Um Café para um Et

Thiago Sousa

Varginha é considerada cidade-polo para a região do Café do Sul de Minas, contando aproximadamente com 200.000 habitantes. É um dos municípios com uma das maiores produções de café em nosso país.

Tradicionais famílias de cafeicultores, bem como antigas fazendas mostram a história do café nessa região.

As principais casas exportadoras de Cafés do Brasil possuem filial e, em muitos casos, armazéns para o preparo de café para a exportação. Para facilitar, há um Porto Seco, que é como se denomina um posto aduaneiro localizado no interior, possibilitando a preparação de toda a documentação de exportação. Assim, basta o container chegar num porto para ser embarcado em navio.

A alguns anos atrás, Varginha ficou famosíssima por um caso cercado de grande mistério ainda hoje: o aparecimento de um ET !

Algumas pessoas afirmaram ter visto um ser do espaço, outros, sua espaçonave, e etecetera e tal. O exército apareceu, negando tudo, de forma que o episódio lembrou o célebre caso do ET de Roswell.

Muito sinistro, não!?

Pois bem, depois disso, a cidade passou a capitalizar sobre o caso, conhecido como o “ET de Varginha”, com estórias como a de que ” o ET viajou o universo para beber um bom café…”.

Monumentos não faltam, como a nave em alumínio que acoberta a caixa d’água da cidade.

Voltando ao café, numa das principais praças da cidade, fica o COMCAFÉ, que é um misto de cafeteria e restaurante na casa onde funcionava anteriormente o Centro de Comércio de Café de Varginha.

Os Centros de Comércio de Café, muito conhecidos pela abreviação ”CCC”, funcionam em locais de onde os cafés partem para os destinos internacionais, sendo o órgão responsável em registrar as exportações do nosso venerado grão. O CCC de Varginha é o único que funciona no interior, justamente pelo fato de que nessa cidade existe um “Porto Seco”. Em função de acordos, os CCCs emitem o mais antigo e um dos mais eficientes documentos de rastreabilidade do mercado: o Certificado da OIC – Organização Internacional do Café. Num outro momento comentarei sobre esse certificado.

O COMCAFÉ é um local muito agradável, decorado com muito bom gosto e um toque pessoal do Cleber Marques de Paiva, atual presidente do CCC de Varginha, tendo salas reservadas e um belo balcão de café, como pode ser visto nesta foto. No almoço, executivos das casas exportadoras e cafeicultores tomam conta do local, entendendo que ali funciona, antes de tudo, um novo segmento do mundo do café.

Sendo espaço do CCC local, é uma interessante e estimulante idéia para difundir em pleno interior mineiro o hábito de se consumir excelentesespressos e suas variantes. Normalmente, os recônditos interioranos têm um atraso em abrigar novidades, mas em Varginha, talvez devido à influência do ET, chegaram rapidinho…

Coca Cola Café!

Thiago Sousa

A revitalização do mercado norte-americano de café, decorrente da fundação da SCAA – Specialty Coffee Association of America e a institucionalização do novo segmento de Specialty Coffeeou Cafés Especiais, na década de 80, aconteceu depois que sua indústria sentiu os efeitos devastadores da concorrência imposta pelas novas bebidas, como refrigerantes, águas e sport drinks.

A concorrência é a forma mais eficiente de estimular inovações sempre.

Outro detalhe importante: para que cada produto se mantenha desejável e, portanto, vendável, também é muito importante que sua imagem continue forte, criando interesse e adesão de novos consumidores.

É o que a Coca-Cola Co. está fazendo agora.

No ano passado foi lançada a Coca-Cola Blak, que é a versão do refrigerante com sabor café. Depois da Cherry Coke, esta foi a grande aposta da companhia que tem seu quartel-general em Atlanta, Georgia, USA.

E, estão prometendo para o próximo ano um novo produto a base de café, que deverá ser semelhante ao que já possui a muitos anos no mercado japonês, que é o café em latas de 170 ml ”ready to drink”.

Especula-se que o nome para o novo produto pode ser um destes três: Truvia, Tevai ou Kahe.

É…ninguém pode ficar eternamente deitado em berço esplêndido…